Wednesday, June 28, 2006

A Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos [1]

Ludwig von Mises


Traduzido por Hélio Rodrigues Pereira

Fonte original: http://www.mises.org/tradcycl/austcycl.asp

Hoje em dia é comum em economia falar sobre a teoria austríaca do ciclo de econômico. Tal descrição é extremamente lisonjeira para nós os economistas austríacos, e nós apreciamos muito esta honra nos dada. Como todas as outras contribuições científicas, porém, a teoria moderna das crises econômicas não é o trabalho de uma nação. Da mesma forma que outros elementos de nosso atual conhecimento econômico, este entendimento é o resultado da colaboração mútua de economistas de todos os países.

A explicação monetarista do ciclo econômico não é completamente nova. A “Escola Monetarista” inglesa já tentou explicar o crack mediante a inflação do crédito que é um resultado da emissão de notas sem lastro [2]. Não obstante, esta escola não viu que contas bancárias que podem ser sacadas a qualquer momento por meio de cheques, quer dizer, contas correntes, fazem exatamente o mesmo papel que a inflação do crédito bancário faz em notas. Por conseguinte a inflação de crédito pode ser não só o resultado da emissão excessiva de notas, mas também o da abertura excessiva de contas correntes. É por ter entendido mal esta verdade que a Escola Monetarista acreditou que bastaria, a fim de impedir o retorno de crises econômicas, um decreto legislativo que restringisse a emissão de notas sem lastro, enquanto permitia a inflação de crédito por meio de contas correntes ilimitadas. O Ato do Banco Peel de 1844 [3], e leis semelhantes em outros países, não realizaram o efeito que eles planejaram. Disto concluiu-se injustamente que a tentativa da Escola Inglesa para explicar o ciclo econômico em condições monetárias tinha sido refutada pelos fatos.

O segundo defeito da Escola Monetarista é que sua análise do mecanismo de inflacionar o crédito e a conseqüente crise ficou restrita ao caso onde o crédito é inflacionado em um só país enquanto a política bancária de todos os outros paises permanece cautelosa. A reação que é produzida neste caso é conseqüência dos efeitos do comércio exterior. A elevação interna em preços encoraja importações e paralisa as exportações. Dinheiro metálico escoa para os países estrangeiros. Como resultado aumenta-se a demanda bancária para cobrir os fundos que eles puseram em circulação (como notas e contas correntes sem lastro), até chegar o tempo deles acharem que devem restringir crédito. No final das contas é a derrama de cheques elevando dos preços. A Escola Monetarista analisou só este caso particular; não considerou a inflação do crédito numa escala internacional em todos os países capitalistas.

Pela segunda a metade do século XIX, a teoria dos ciclos econômicos entrou em descrédito, e a noção que os ciclos econômicos não tinha nada a ver com a moeda e o crédito ganhou aceitação. A tentativa de Wicksell (1898) [4] de reabilitar a Escola Monetarista obteve vida curta.

Os fundadores da Escola Austríaca de Economia—Carl Menger, Böhm-Bawerk, e Wieser— não se interessaram pelo problema do ciclos econômicos. A análise deste problema viria a ser a tarefa da segunda geração de economistas austríacos. [5] Ao emitir por métodos fiduciários, pelas quais eu quero dizer notas sem lastro em ouro ou contas correntes que não estão completamente lastreadas através de reservas de ouro, os bancos ficam numa posição favorável de inflacionar o crédito consideravelmente. A criação adicional destes métodos fiduciários lhes permite esticar o crédito bem acima do limite fixado pelos seus próprios ativos e pelos fundos confiados a eles pelos seus clientes. Eles intervêm no mercado neste caso como “provedores” de crédito adicional, que eles criaram, produzindo uma redução da taxa de juros que cai abaixo do nível ao qual teria estado sem tal intervenção. A redução da taxa de juros estimula a atividade econômica. Projetos que não teriam sido considerados "lucrativos" se a taxa de juros não tivesse sido influenciada pelas manipulações dos bancos, o qual, então, não teria sido empreendido, não obstante serão considerados “lucrativos” acabando por serem iniciados. A maior atividade dos negócios trás um aumento da demanda por meios produtivos e de trabalho. Os preços dos meios produtivos e dos salários se elevam, e o aumento dos salários, por sua vez, leva a um aumento dos preços dos bens de consumo. Se os bancos fossem refrear qualquer extensão adicional de crédito e se limitassem ao que já tinham feito, o boom de crescimento pararia rapidamente. Mas os bancos não recuam de seu curso de ação; continuam esticando o crédito em uma escala maior e maior, e os preços e os salários continuam correspondentemente subindo.

Este movimento ascendente, entretanto, não pôde continuar indefinidamente. Os recursos produtivos e o trabalho disponível não aumentaram; tudo que aumentou foi a quantidade dos meios fiduciários capazes de realizar o mesmo papel que o dinheiro na circulação de bens. Os meios de produção e trabalho que foram desviados para os novos empreendimentos tiveram que ser tirados de outros empreendimentos. Sociedade não é suficientemente rica para permitir a criação de novos empreendimentos sem tirar qualquer coisa de outros empreendimentos. Enquanto a inflação do crédito permanecer não será perceptível, mas esta extensão não pode ser empurrada indefinidamente. Como tentativa de evitar uma parada súbita do movimento ascendente (resultando num colapso de preços) cria-se cada vez mais crédito, e como resultado um contínuo, e até mesmo mais rápido aumento dos preços. Mas a inflação e o boom de crescimento só podem continuar calmamente contanto que o público acredite que a subida dos preços será interrompida em breve. Assim que opinião pública se dê conta que não há qualquer razão para esperar um fim da inflação, e que preços continuarão subindo, o pânico estará montado. Ninguém quer manter seu dinheiro, porque sua posse implica perdas cada vez maiores de um dia para o outro; todo mundo se apressa para trocar dinheiro por bens, as pessoas compram coisas sem muita utilidade para elas até mesmo sem pensar no preço, só para se ver livre do dinheiro. Tal é o fenômeno que aconteceu na Alemanha e em outros países que seguiram uma política de inflação prolongada e isso era conhecido como o “vôo em valores reais”. O preço das commodities sobem enormemente da mesma forma que a taxa de câmbio, enquanto a cotação da moeda nacional cai a quase zero. O valor da moeda corrente se desmorona, como foi o caso na Alemanha em 1923.

Por outro lado, se os bancos decidissem interromper a inflação do crédito a tempo para evitar o colapso da moeda corrente e resolvem brecar o boom de crescimento, rapidamente será percebido que a falsa impressão de “rentabilidade” criada pela expansão de crédito conduziu a investimentos injustificados. Muitos empreendimentos ou investimentos em negócios que foram iniciados graças à taxa de juros artificialmente reduzida, e cuja continuidade se deu graças ao aumento igualmente artificial de preços, já não parecerão lucrativos. Algumas empresas reduzem os custos de operação, outras fecham ou vão a falência. Preços desmoronam; crise e depressão sucedem ao crescimento. A crise e o período resultante da depressão são a culminação do período de investimento injustificado provocada pela inflação do crédito. Os projetos que devem suas existências ao fato de parecerem “lucrativos” justamente nas condições artificiais criadas no mercado pela inflação do crédito e o aumento em preços que resultaram disto, deixaram de ser " lucrativos". O capital investido nestes empreendimentos irá se perder até o momento em que o crédito é bloqueado. A economia tem que se adaptar a estas perdas e situação resultante disto. Neste caso o que há para se fazer, em primeiro lugar, é reduzir consumo e, economizando, construir novos fundos de capital para fazer o aparato produtivo se adequar as demandas atuais e não às demandas artificiais que jamais se manifestariam e seriam considerados reais a exceto como conseqüência do falso cálculo de " rentabilidade " baseado em inflação de crédito.

O boom de crescimento “artificial” foi trazido pela inflação do crédito e a redução da taxa de juros foi uma conseqüência da intervenção dos bancos. A verdade é que durante o período em que o crédito foi estendido, os bancos elevaram a taxa de juros progressivamente; e de um ponto de vista puramente aritmético terminou mais alto do que tinha estado no começo do crescimento. Este aumento da taxa de juros é não obstante insuficiente restabelecer equilíbrio no mercado e acabar com o crescimento insalubre. Para um mercado onde os preços estão subindo continuamente, os juros brutos tem que incluir além dos juros especificamente de capital —i.e a taxa líquida de juros — também um outro elemento que representa uma compensação para a elevação dos preços que surgem durante o período do empréstimo. Se os preços sobem de uma maneira contínua e se o prestatário ganhar um lucro adicional como resultado da venda da mercadoria que ele comprou com o dinheiro pedido emprestado, dele será exigido a pagar uma taxa mais alta de juros que ele teria pagado em um período de preços estáveis; o capitalista, por outro lado, não estará disposto a emprestar nestas condições, a menos que os juros incluam uma compensação para as perdas que a diminuição do poder aquisitivo incide sobre dinheiro dos credores. Se os bancos não levam conta estas condições ao fixar a taxa de juros brutos exigida, a taxa deles deveria ser considerada como se mantendo artificialmente a um nível muito baixo, até mesmo se de um ponto de vista puramente aritmético parece-se muito mais alto do que prevaleceu sob "condições normais”. Assim na Alemanha uma taxa de juros de centenas por cento podia ser considerada demasiado baixa no outono de 1923 por causa da depreciação acelerada do marco.

Uma vez que a reversão dos ciclos econômicos começa se adequar à mudança da política bancária, fica muito difícil de obter empréstimos por causa da restrição geral de crédito. A taxa de juros, por conseguinte sobe muito rapidamente como resultado do pânico súbito. Logo em seguida, cairá novamente. Realmente, isto é um fenômeno bem conhecido de um período de depressões, que uma taxa muito baixa de juros—considerada do ponto de vista aritmético—não tenha sucesso em estimular a atividade econômica. O dinheiro reserva dos indivíduos e dos bancos crescem, fundos líquidos acumulam, contudo a depressão continua. Na atual [1936] crise, a acumulação destas "reservas de ouro inativas" tem por uma razão particular, assumido proporções irregulares. Como é natural, os capitalistas desejam evitar o risco de perdas nas desvalorizações contempladas em vários governos. Dado que os riscos monetários consideráveis que a posse de promissórias ou de apólice de seguros envolvem não são compensados por um correspondente aumento da taxa de juros, os capitalistas preferem reter seus fundos de uma forma que os permita, em tal caso, proteger o dinheiro deles contra as perdas inerentes de uma eventual desvalorização convertendo rapidamente para uma moeda corrente não imediatamente ameaçada pela possibilidade de desvalorização. Esta é a razão muito simples por que os capitalistas são hoje relutantes em se prender, por investimentos permanentes, a uma moeda corrente particular. Isto é por que eles permitem suas contas bancárias crescerem mesmo dando juros bem reduzidos, e acumulam ouro que não só não paga nenhum juros mas também envolve despesas de armazenamento.

Outro fator que está ajudando a prolongar o período da atual depressão é a rigidez de salários. Salários aumentam em períodos de inflação. Períodos de deflação deveriam reduzi-los, não só em condições de dinheiro, mas também em reais condições. Evitando com sucesso a redução de salários durante um período de depressão, a política dos sindicatos faz do desemprego um acontecimento amplo e persistente. Além disso, esta política atrasa a recuperação indefinidamente. Uma situação normal não pode retornar até que os preços e os salários se adaptarem à quantidade de dinheiro em circulação.

A opinião pública está perfeitamente correta em ver o fim do crescimento e a crise como conseqüência da política bancária. Os bancos poderiam sem dúvida ter adiado as conseqüências desfavoráveis por algum tempo adicional. Eles poderiam ter continuado a política deles de inflacionar o crédito durante algum tempo. Mas — como temos visto — não poderiam persistir indefinidamente nisto sem arriscar o colapso completo do sistema monetário. O crescimento provocado pela política dos bancos de inflacionar o crédito necessariamente tem que terminar cedo ou tarde. A menos que estejam dispostos a deixarem sua política destruir completamente o sistema monetário e o crédito, os próprios bancos devem encerrar isto antes ocorra uma catástrofe. Quanto mais longo for o período de crédito inflacionário e quanto mais tempo os bancos demorarem em alterar sua política, o pior serão as conseqüências do mau investimento e da especulação irregular que caracteriza o boom de crescimento; e como resultado mais longo será o período de depressão e mais incerta a data de recuperação e volta da atividade econômica normal.

Freqüentemente sugeriu-se “estimular” a atividade econômica e dar “o tranco inicial” por meio de uma nova prática de crédito inflacionário permitindo que a depressão ao término trouxesse uma recuperação ou pelo menos um retorno justamente às condições normais; os defensores deste método esquecem, porém, que embora pudessem superar as dificuldades do momento, certamente produziria uma situação pior num futuro não muito distante.

Finalmente, será necessário entender que as tentativas de reduzir artificialmente a taxa de juros que surge no mercado, por uma inflação do crédito, podem apenas produzir resultados temporários, e que a recuperação inicial será seguida por um declínio mais fundo que se manifestará como uma estagnação completa do comercio da atividade industrial. A economia não poderá se desenvolver harmoniosa e suavemente a menos que todas as medidas artificiais que interferem com o nível de preços, salários, e taxas de juros, como determinado pelo livre jogo das forças econômicas, sejam renunciadas de uma vez por todas.

Não é a tarefa dos bancos remediar as conseqüências da escassez de capital ou os efeitos da política econômica equivocada de inflação do crédito. É realmente uma infelicidade que hoje o retorno para uma situação econômica normal está atrasada pela política perniciosa de algemar comércio, através das armas e por um medo só se justifica pela guerra, sem mencionar a rigidez de salários. Mas não é por medidas bancárias e inflação de crédito que esta situação será corrigida.

Nas páginas anteriores eu fiz somente um sumário e um esboço necessariamente insuficiente da teoria monetarista das crises econômicas. É infelizmente impossível para mim pelas restrições impostas por este artigo entrar em maiores detalhes; aqueles que estiverem interessados neste assunto poderão encontrar maiores informações nas várias publicações que mencionei.




[1] O original é trade cycle que literalmente significa ciclo comercial. Mas no Brasil a expressão equivalente usada é ciclo econômico. N. do T.

[2] without metallic backing cuja expressão seria sem lastro metálico. N. do T.

[3] Ato do Banco Peel de 1844 ficou célebre por estabelecer o padrão ouro. N. do T.

[4] Knut Wicksell, Interest and Prices, R.F. Kahn, trans. (New York: Augustus M. Kelley, 1965)—Tr.

[5] As principais obras da Escola Austríaca voltadas para a teoria dos ciclos econômicos [na versão de 1936] são: Mises, The Theory of Money and Credit (New York: Foundation for Economic Education, 1971; translation of the 2nd German edition, 1924; originally published in 1912); Mises, Monetary Stabilization and Cyclical Policy (1928) reprinted in On the Manipulation of Money and Credit, Percy L. Greaves, ed., Bettina Bien Greaves, trans. (Dobbs Ferry, N.Y.: Free Market Books, 1978; originally published as a monograph in German); Friedrich A. von Hayek, Monetary Theory and the Trade Cycle (New York: Augustus M. Kelley, 1966; reprint of 1933 English edition, originally published in German in 1929); Hayek, Prices and Production (New York: Augustus M. Kelley, 1967; reprint of 1935 2nd revised edition, originally published in 1931); Fritz Machlup, Führer durch die Krisenpolitik (1934); Richard von Strigl, Capital and Production, Margaret Rudelich Hoppe and Hans-Hermann Hoppe, trans. (Auburn, Al: Ludwig von Mises Institute, 1995; translation of the 1934 edition); the best analysis of the actual crisis was made by Sir Lionel Robbins, The Great Depression (Freeport, R.I.: Books for Libraries Press, 1971; reprint of 1934 edition).—Nota: citações tem sido atualizadas nesta nova edição.]

17 Comments:

Blogger Lucas Mendes said...

Parabéns pelo blog em especial pela tradução desse artigo do Mises! A teoria do Mises sobre os ciclos foi o tema de minha monografia, quando a confrontei com a do economista russo Kondratieff.

Abraço!
Lucas

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Blogger HelioPereiriano said...

Oi Lucas

Obrigado pelo elogio. ;)

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